O bafo de estar vivo,
Corporal.
Mas quem sabe
se vivo já não sou,
linha férra
sem fim.
A natureza é transição
de som.
A natureza,
fragmento de um fragmento,
onde me deito.
Eu e tu, meu irmão,
cheiramos forte
o ar de estar conscientes.
*
CLARIDADE
O barulho de existir;
um cão
dentro de mim.
Atravesso
como a um pático
o barulho de existir.
*
Até quando
o morno soluço, apele
da execução e medo?
Humanos,
depois nos habituamos
com as escamas e os anos.
*
COISAS, COISAS
A despeito do amor,
as coisas todas
se fizeram ao mar.
Não quis retê-las.
Não conheci regresso.
Coisas, coisas
vos amei por excesso.
E o universo
me foi alto preço.
Todos os bens
vendidos em leilão.
O ar vendido.
Os rios.
As estações.
Comprei arrobas de chuva
ao meu pomar.
Trouxe neblina
de arrasto
pela morte.
Comprei a noite
e dei o menor lance
ao horizonte.
Coisas, coisas,
vos amei por excesso.
Retirados de Árvore do Mundo, editora Nova Aguilar s.a. mec.
domingo, 15 de agosto de 2010
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