quarta-feira, 2 de abril de 2008

Pessoa, Fernando

"Constituição íntima das cousas"
"Sentido íntimo do Universo"
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está ralando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão

*

Bebendo o mínimo de dor ou gozo,
Bebendo a goles os instantes frescos,
Translúcidos como água
Em taças detalhadas,

Da vida pálida levando apenas
As rosas breves, os sorrisos vagos,
E as rápidas caricias
Dos instantes volúveis.

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